quarta-feira, 13 de agosto de 2014

No Jornal Nacional, Eduardo Campos foca em Dilma, e se sai melhor que Aécio



Escolado pelo mau desempenho de Aécio Neves ontem em entrevista ao Jornal Nacional, o candidato do PSB, Eduardo Campos, fugiu de algumas perguntas, se viu acuado em alguns momentos por Willian Bonner e Patrícia Poeta ao tentar tergiversar, mas se saiu melhor que o rival tucano. Só mostrou irritação com a insistência do âncora do programa quando este citou o empenho do ex-governador de Pernambuco para eleger sua mãe, Ana Arraes, como ministra do Tribunal de Contas da União (TCU).
Em resposta ao questionamento, o pessebista mencionou ter feito a lei de nepotismo no estado de Pernambuco, citou o currículo da mãe e a elogiou dizendo que foi a única mulher que “ganhou no voto” a vaga no TCU. Bonner insistiu dizendo que não são os méritos mas o empenho pessoal de Campos que estava em discussão e o caráter ético de sua campanha em prol da mãe. Na terceira vez em que o apresentador voltou ao assunto, o pessebista respondeu com expressão fechado e um “não” seco sobre se considerava haver problema ético nisso.
Na entrevista, Campos voltou à tática conduzida em sua campanha de atacar o governo Dilma, com argumentos caros à esquerda e à direita. Por um lado, criticou por duas vezes a elevada taxa de juros afirmando, por exemplo, que meio ponto na Selic poderia significar economia para que recursos fossem investidos em projetos seus como escola em tempo integral, passe livre para estudantes do ensino público, e investimentos em educação e segurança. Ao mesmo tempo, indicou que o Banco Central deve ter independência, e voltou mais de uma vez à inflação para atacar o atual governo.
Também repetiu a frase de impacto que circulou bastante nas redes sociais durante a sabatina realizada pelo portal G1, quando disse que o Brasil “perdeu de 7 a 1 no campo e também está perdendo fora dele”, lembrando ainda outras “pautas” frequentes no Facebook e no Twitter, como a acusação de que o governo estaria “guardando” o aumento nos preços da energia e do combustível para o ano que vem, após a eleição. Campos mostra que sua campanha está sintonizada com o sentimento das redes, o que pode lhe render uma vantagem, em especial, com o público mais jovem.
Bonner explorou ainda a aparente contradição entre o agronegócio e a postura da vice de Campos, Marina Silva. No entanto, esse também era um assunto que Campos havia enfrentado na semana passada, noencontro de presidenciáveis da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). O pessebista disse que “Marina não tem nada contra o agronegócio” e o que ela e ele defendem é que é preciso haver “desenvolvimento com respeito ao meio ambiente”. Quando o apresentador prosseguiu lembrando da votação do Código Florestal, onde PSB e Marina tiveram posições contrárias, Campos disse que, nesse caso, estava do lado de sua vice, e não da bancada da sua legenda.
Poeta cobrou o afastamento de Campos do governo Dilma, citando críticos que entendem o abandono do pessebista do projeto de governo do PT como algo decorrente de sua “ambição pessoal”. Ele justificou que em 2012 esse afastamento já se iniciava, citando outro de seus argumentos recorrentes em discursos e entrevistas de campanha, que “esse governo vai entregar um país pior do que recebeu”. Seguiu na linha de personalizar a crítica a Dilma para se diferenciar dela, mas não de Lula, mencionando que a presidenta teria deixado a “inflação voltar” e contribuído para “derreter os empregos”, algo que os números, na prática, não mostram.
Ao finalizar pregando mais uma vez o fim da polarização entre PT e PSDB, Campos reforçou a união com Marina e pode ter ganho moral ao aproveitar o flanco aberto pela entrevista concedida por Aécio ontem. Nesse início de exposição na TV, pode ser um alento para o pessebista, que terá menos tempo no horário eleitoral e ainda é desconhecido por quase metade do eleitorado.

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