sexta-feira, 27 de maio de 2016

Polícia pede a prisão de 4 suspeitos de estupro coletivo no RJ

A Polícia Civil pediu à Justiça a prisão de quatro homens suspeitos de envolvimento no estupro coletivo cometido contra uma adolescente de 16 anos em uma comunidade da Zona Oeste do Rio. O caso ganhou repercussão após fotos e vídeos da vítima violentada serem publicados na internet pelos agressores, que ironizaram o crime.
Marcelo Miranda da Cruz Correa, de 18 anos, e Michel Brazil da Silva, de 20 anos, são suspeitos de divulgar as imagens da vítima na internet, segundo a polícia. Lucas Perdomo Duarte Santos, de 20 anos, tinha um relacionamento com a adolescente e teria participação direta no crime.
O quarto suspeito é Raphael Assis Duarte Belo, de 41 anos, que aparece nas imagens ao lado da garota. Raphael trabalhou como apoio a operador de câmera nos estúdios Globo, de onde foi desligado em agosto. A polícia não soube informar qual é a atual profissão dele.
A adolescente de 16 anos foi estuprada no sábado (21), em uma comunidade da Zona Oeste. Em depoimento à polícia, ela disse ter ido à casa de Lucas Perdomo, com quem ela se relacionava há três anos, e de se lembrar de estar a sós na casa dele. Depois, se lembra apenas de acordar no domingo, em outra casa na mesma comunidade, dopada, nua e com 33 homens armados com fuzis e pistolas. 
A garota retornou para sua casa na terça-feira (24). “Ela chegou descalça, descabelada, com aspecto de que tinha se drogado muito e com uma roupa masculina toda rasgada. Provavelmente eles deixaram ela nua e ela vestiu aquilo pra vir em casa”, contou uma parente da menina. A família teria questionado a menina o que havia acontecido, mas ela não disse nada.
Adolescente de 16 anos deixa o hospital Souza Aguiar com a mãe após estupro coletivo no Rio (Foto: Gabriel de Paixa/Agência O Globo)Adolescente de 16 anos deixa o hospital Souza Aguiar com a mãe após estupro coletivo no Rio (Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo)
'Eles iriam matá-la'                                                                                             
Ainda na terça-feira, a menina voltou à comunidade para tentar reaver seu celular, que foi roubado, segundo esse familiar. Um agente comunitário foi quem a acolheu, ao perceber como ela estava, e a levou novamente à família.

“Esse agente comunitário, que veio trazê-la [para casa], acho que ele foi uma pessoa que salvou a vida dela, porque eles iriam matá-la. Porque é isso que eles fazem, né. Não é normalmente a história que a gente conhece? Eles estupram e matam”, disse uma parente da adolescente.
 
A família só soube do estupro na quarta-feira (25), quando fotos e vídeos exibindo a adolescente nua, desacordada e ferida, foi compartilhado na internet.
“Eu, a mãe, a gente chora quando vê o vídeo. O pai dela não aguenta falar, que chora muito. Nosso sentimento é de tristeza, de indignação, estamos estarrecidos de ver até que ponto chega a maldade humana. A família está sem palavras, consternada”, desabafou a familiar.
Repercussão

Nas redes sociais, pessoas de todo o Brasil pedem rigor nas investigações e na punição. "Não foram 30 contra uma, foram 30 contra todos. Exigimos Justiça", destaca uma publicação.

A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) classificou o crime como uma barbárie. “Além do estupro, a divulgação dessas imagens torna a vida dessa pessoa eternamente humilhante. Então, é muito importante que as pessoas percebam que receber as imagens, assistir as imagens, também é crime”, destacou Daniela Gusmão, da Comissão OAB-Mulher.
A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou nota em que se solidarizou com a vítima do estupro coletivo. A nota relembra outro episódio ocorrido no Brasil, quando uma jovem do Piauí foi abusada por cinco homens, na semana passada. A ONU pede Justiça para os dois casos.



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