quarta-feira, 20 de julho de 2016

Cada vez mais pessoas optam morar sós

O mercado imobiliário é bastante dinâmico e de tempos em tempos surgem novas tendências. Os apartamentos compactos e funcionais estão em alta. Além destes empreendimentos, estúdios e unidades de dormitórios únicos também estão sendo mais procurados. Isso se explica pela mudança no perfil do cliente. Há pouco tempo, era comum no Brasil que os jovens ficassem na casa dos pais até se casarem. Era habitual ver lares com cinco ou mais moradores. 

Hoje, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) já são mais de 89 milhões de solteiros no país, além de quase 16 milhões de pessoas viúvas, separadas ou divorciadas. Isto é, cada vez mais as pessoas buscam imóveis para viverem sozinhas. A percepção é confirmada pelo raio x do mercado imobiliário divulgado trimestralmente pelo índice FipeZap. A pesquisa indica que 10% dos interessados em comprar imóveis no último ano pretendiam morar com outras pessoas, enquanto 45% disseram que iriam viver sozinhas.
Em 2013, de acordo com o IBGE, mais de 13% dos domicílios brasileiros eram formados por pessoas morando sozinhas. O número desse grupo cresceu 35% entre 2004 e 2013. Embora uma boa parte desse público seja composta por pessoas mais velhas após a viuvez ou uma separação, o número de pessoas solteiras e mais jovens morando sozinhas é cada vez maior e tende a aumentar. Hoje, 33,9% das pessoas entre 20 e 34 anos moram sós. De acordo com o gerente de vendas da imobiliária Apsa, Giovani Oliveira, são estudantes, recém-separados, trabalhadores que desejam morar perto da empresa, solteiros que decidem sair da casa dos pais antes do casamento e até mesmo casais modernos que optaram por morar em casas separadas. "É muito visível a tendência destas pessoas ao isolamento. Elas querem mais privacidade, menos barulho e não se sentem mais sozinhas porque têm facilidade para se comunicar com amigos ou parentes que estão longe por conta das novas tecnologias”, pontua.


O engenheiro de software Agay Borges, 28 anos, pretende sair da casa dos pais no primeiro semestre do ano que vem. “Mesmo que eu tenha autonomia na casa dos meus pais, ela não é minha. Quero um lugar para dizer que é meu. Dar início a um novo ciclo”, comenta. Por enquanto, a única preocupação do engenheiro é com a questão financeira. “Atualmente pago apenas as minhas próprias contas. Ao me mudar, vou assumir um compromisso maior com as contas de energia, água, condomínio além da feira. Ainda não sei como vai ser, mas sei que no início vai ser aperto, até eu me adaptar à nova realidade. Desde já, estou me organizando”, observa Agay, que recebe as chaves do seu apartamento no final deste ano. Além de ficar próximo do local de trabalho e da casa dos pais, ele diz que a proximidade à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foi um dos motivos que o levou a optar pela unidade. “Se um dia eu não quiser morar mais no imóvel, posso ganhar dinheiro com ele, já que a região é valorizada por causa da UFPE”, explica. Para o gerente de vendas imobiliária Eduardo Feitosa, Flávio Xavier, a presença de grandes universidades na capital pernambucana estimula o aumento desse público. “Como houve uma aumento no fluxo de pessoas que vem ao Recife estudar, muitos pais compram unidades para seus filhos morarem próximo ao local de ensino”, comenta.

De acordo com Giovani Oliveira, a maior procura é pelo imóvel de dois quartos, para terem um espaço extra para escritório, sala de TV ou hóspedes. Porém, em função dos preços mais altos atualmente, muitos acabam ficando com os de um quarto. “É por isso que recentemente são lançados empreendimentos com unidades que vão de um a quatro quartos. Com esta demanda nova, o quadro imobiliário da cidade está passando por um processo de transformação”. Na locação, o gerente afirma que a maior parte dos inquilinos vem de fora da cidade, transferida por empresas. Giovani acrescenta que os maiores quesitos procurados por quem vive sozinho são infraestrutura, mobilidade e proximidade com o trabalho ou local de estudo. O profissional também destaca que a praticidade e funcionalidade são muito valorizadas em lares de uma pessoa só. “Como o espaço e as necessidades são menores, os produtos e serviços pensados para grandes famílias não se encaixam na vida dessas pessoas, fazendo com que o mercado foque cada vez mais em oferecer soluções para esse público”. (Diário de Pernambuco)

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