O sonho do tricampeonato olímpico do vôlei
masculino foi adiado para o Rio de Janeiro, daqui a quatro anos. Pela segunda
vez consecutiva, o Brasil foi à final dos Jogos e acabou derrotado. Desta vez,
a equipe de Bernardinho chegou a ter dois match points no terceiro set, sofreu
um "apagão" e perdeu de virada para a Rússia por 3 sets a 2 (25-19,
25-20, 27-29 e 15-9).
A derrota impede
que o Brasil conquiste a hegemonia total do esporte em Londres um dia depois do
ouro do time feminino. Além disso, impede que a gloriosa geração da era
Bernardinho se despeça com um ouro. Desde 2001, quando o técnico assumiu, a
seleção ganhou oito Ligas Mundiais, três Mundiais e a Olimpíada de 2004, em
Atenas, mas agora amarga sua segunda prata olímpica.
E o título esteve
muito perto. O Brasil repetiu o que havia feito na primeira fase e atropelou os
russos nos dois primeiros sets. No terceiro, teve duas chances de fechar, mas
um "apagão" na hora errada comprometeu o jogo. A Rússia acordou com
uma grande mudança do técnico Alekno, que colocou o central Muserskiy para
jogar de oposto, venceu o terceiro e o quarto sets e liquidou a partida no
tie-break.
Apesar da frustração pela maneira como o jogo
se desenhou, a prata é muito mais do que se esperava da equipe antes do início
das Olimpíadas. O Brasil que viajou a Londres desacreditado, encontrou seu
melhor jogo durante a competição, mostrou muita força ao longo da campanha e
encarou de frente seu rival na final. A Rússia, campeã da Copa do Mundo e da
Liga Mundial do ano passado, estava longe de ser um rival qualquer.
No início, porém,
parecia que o Brasil atropelaria como fez contra Argentina e Itália, nas
quartas e na semi, respectivamente. O saque forte e Murilo foram as grandes
armas do time no primeiro set contra a Rússia. Além de fazer dois aces, a
seleção quebrou o passe rival diversas vezes e atrapalhou a vida do oposto
Mikhaylov, grande arma dos europeus, que acertou só três de nove ataques na
parcial.
Do outro lado,
Murilo sobrava. Ele foi acionado por Bruninho oito vezes, colocou sete bolas e
ainda fez um ponto de bloqueio. Com uma vantagem confortável de cinco pontos
desde o início do set, o Brasil não teve trabalho para sair na frente com um 25
a 19.
A Rússia voltou
melhor no segundo set, distribuindo melhor as bolas e crescendo no saque, mas
nada que realmente assustasse o Brasil. A seleção até caiu um pouco na defesa e
no aproveitamento defensivo, mas esteve à frente no placar desde o começo,
quando abriu 11 a 6.
A reação dos
europeus se limitou a reduzir a diferença para um ponto no 16 a 15. Só que
Wallace fez o time rodar, Dante foi bem no saque e logo o Brasil fez 19 a 15. A
vitória no segundo set foi indolor para a torcida, que já gritava com tom de
“campeão” quando a seleção fechou por 25 a 20.
O terceiro set deu
uma cara totalmente diferente ao jogo, que finalmente se assemelhou a uma
final. O Brasil saiu ganhando por 14 a 11, mas não tardou a levar um susto.
Murilo e companhia viram o levantador rival fintar o bloqueio e encaixar três
bolas em sequência. O jogo empatou em 15 a 15 quando, em um ponto decisivo,
Murilo encarou o paredão russo, colocou a bola no chão e evitou que os europeus
passassem à frente.
Foi uma solução
momentânea. O Brasil logo fez 18 a 15 e viu a torcida, empolgada, pedir a
presença do capitão Giba, que assistia a tudo do banco. Bernardinho,
impassível, ignorou. A Rússia, indiferente à festa, seguiu pressionando e
empatou em 22 a 22, tornando os pontos finais tensos. Foi Wallace, no 23º
ponto, quem colocou o Brasil de novo à frente.
Giba, então,
finalmente entrou em quadra para uma passagem relâmpago pelo saque e foi
ovacionado pelo público, saindo na sequência. A Rússia aproveitou, manteve o
sonho vivo salvou dois match points e virou, vencendo a parcial por 29 a 27.
O revés esfriou o
público e colocou Giba em quadra. Aposta de Bernardinho, o veterano entrou no
quarto set para colocar mais experiência em quadra depois do “apagão” do fim da
parcial anterior. Não funcionou.
O veterano errou
quatro ataques em sequência e não foi bem o bastante na defesa para impedir que
a Rússia disparasse, aproveitando-se sobretudo do saque forte que começava a
entrar. Os europeus fizeram 18 a 13 marcando bem os centrais e deixando Murilo
como uma das poucas opções de Bruninho.
A parcial parecia
tão perdida que Bernardinho colocou parte de seu banco em quadra. Thiago Alves,
Ricardinho e Rodrigão parecia ter entrado para que os titulares pudessem se
poupar para o tie-break. Só que desta vez foi a Rússia que teve um apagão. Os
europeus chegaram a fazer 21 a 14 e deixaram a seleção encostar. No fim, a
distância no placar falou mais alto e os russos venceram por 25 a 22, com o
Brasil aparentemente mais ligado no Murilo.
No sacrifício,
Dante voltou à quadra no set definitivo, mas não conseguiu retomar o ritmo que
havia apresentado nos dois primeiros sets. O Brasil se manteve apático em
quadra e a Rússia dominou do início ao fim. Muito empolgados, os russos foram
abrindo distância, fecharam o tie-break e asseguraram a vitória histórica e seu
primeiro título olímpico como nação independente.